Peguei pesado demais comigo nos últimos tempos.
Foi complicado.
Dá até agonia só de pensar.
Com exceção de quem faz terapia, a gente não costuma muito refletir sobre nós mesmos, né?
E quando a gente o faz é para criticar. Quase sempre.
Já percebeu isso?
É como se fôssemos a pior torcida para nós mesmos.
As coisas podem estar bem, mas se não estarem como gostaríamos, não estão bem o bastante.
Isso sem contar que a gente rejeita quando alguém fala as menores coisas boas sobre a gente. É o elogio que dizemos “não saber receber” sem sequer agradecer; é a roupa que a gente diminui dizendo que foi baratinha ainda que nem tenha existido a pergunta sobre preço.
Me vi reclamando de tanta coisa sem perceber que o fato de já reclamar tanto não ajudava a melhorar.
O trânsito irritou demais. Motoristas confusos quase me fizeram gritar. O trem era muito devagar. A segunda-feira chegou muito rápido. O almoço não foi no lugar que eu gosto.
E quantas pessoas passaram por mim sem que eu deixasse ficar.
Engrossei o coro de que ninguém presta nesse mundo.
Mas eu mesmo não me atentava quando alguém prestava atenção em mim.
Rejeitei a menor aproximação e, quando não pior, atuei em joguinhos de amor que sempre critiquei. Sim, fui quem não respondia por birra. Sim, fui quem dizia que “tava tudo bem” sem estar. Sim, fui quem provocava ciúmes para me sentir especial.
Olha, vou te falar: eu não colaborei comigo.
Me profissionalizei na arte de me apegar à parte ruim das coisas.
A gente fica mais longe daquilo que desejamos a cada vez que não aproveitamos o que a vida oferece – ou que, pelo menos, não conseguimos olhar o que de bom tem nisso.
O bom de virar o ano é que a gente pode revirar a vida.
E eu estou bem nessas.
Já deu.
Preciso dar uma chance para mim.
Abrir mais olhos e menos o celular.
Não acompanho a viagem daqueles que celebram que a vida é cem porcento linda, todo dia que o sol nasce é um dia lindo e todos esses discursos motivacionais que, apesar de honestos, perigam a desenhar uma ideia do perfeito viver. Esse pensamento não inclui boletos nem dias que a gente acorda se sentindo um lixo. Respeito, contudo, a legião de pessoas que pensam assim, mas eu sou muito sensível a necessidade de encontrar equilíbrio entre dias bons e outros nem tantos. Porque eles sempre vão existir. Ignorar a instabilidade da vida é escolher sofrer.
O fato é: vou dar um jeito de cuidar de mim.
Não posso negativar minha energia com gatilhos tão pequenos como uma buzinada no trânsito ou uma pessoa que, sabe-se lá por qual motivação, prefere passar dias sem responder minha mensagem. Nada disso tem a ver comigo e é por isso que eu não devo me contaminar.
Com a plena consciência de como a vida real é, cheia de oportunidades e dias ruins pra caramba, vou me colocar como protagonista dos meus dias e buscar calma entre as horas. Ter calma antes de ter outras coisas.
Neste ano quero aprender a me proteger.
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